Num café. Uma vidraça. Uma espera.
Uma cadeira. Um sol que inunda a vista. Um reflexo que bate no vidro. Um sol que aquece a face. Um fechar dos olhos. Um arrastar de pensamentos no meio daquele calor que me descongela.
Abro os olhos. Peço dois cafés. Puxo um cigarro, acendo-o. Fecho os olhos, saboreio… Abro os olhos, liberto o fumo… olho a vidraça. Um cão que passa na rua e ladra a quem furiosamente tenta controlar um casaco devassado pelo vento. Uma árvore. Uma nuvem em frente ao sol. Um verde da relva que reclama atenção.
Os cafés chegam. Abro o pacote de açúcar, derramo o conteúdo para dentro das chávenas brancas onde se lê “Delta Platina”. Pego na colher e em movimentos circulares faço desenhos na espuma, cor de café, consistente, aveludada, que deixa pedaços nas paredes da chávena… Olho a vidraça, pouso a colher onde a espuma repousa preguiçosamente desde a ponta, até a meio. Na rua passa um casal de namorados, um carro vermelho e logo a seguir um cinzento a rasgar o colorido da paisagem.
Entram e saem pessoas no café, há quem venha pela bica, pelo croissant ou pela bela da torrada de sempre (pois não querem ter o trabalho de habituar o estômago a querer algo diferente pela manhã).
Pego na chávena com a mão direita, depois junto-lhe a esquerda numa tentativa de aquecer as mãos daquele dia com um sol de Inverno quente e um vento frio. Pouso a chávena "Delta Platina"…
Demoro-me a observar quem me rodeia e lentamente abro a mala e retiro o livro que no momento leio… Abro o calhamaço na página marcada e recomeço a leitura… Dois parágrafos adiante olho para a porta e depois para a vidraça… Ninguém…muito menos Tu!
O fumo do café liberta aquele odor de quem foi colhido por mãos negras, depois exportado, moído, embalado, depositado, filtrado, misturado com açúcar e seguidamente batido e deitado fora como uma argamassa espessa…
Recomeço a leitura… sem tirar os olhos das páginas, agarro no pedaço da loiça e deixo aquele aroma infiltrar-se pela boca, garganta até ao estômago aquecendo o caminho e voltar até à cabeça num movimento de arrepio…
Olho o vidro imaculadamente limpo e…ninguém…para além de uns miúdos com mochilas ou duas velhotas que animadamente parecem falar do episódio da novela (ou da vida de alguém) no dia anterior… Ninguém…
Não marquei contigo…mas cá no fundo esperava que viesses… o Teu café arrefece…a espuma desaparece e o cheiro esvai-se com a esperança que chegues e me digas que te atrasaste, que adormeceste…que te distraíste…
Fecho o livro…acabo com o que preenchia a minha chávena “Delta Platina”…
Amanhã à mesma hora?
Uma cadeira. Um sol que inunda a vista. Um reflexo que bate no vidro. Um sol que aquece a face. Um fechar dos olhos. Um arrastar de pensamentos no meio daquele calor que me descongela.
Abro os olhos. Peço dois cafés. Puxo um cigarro, acendo-o. Fecho os olhos, saboreio… Abro os olhos, liberto o fumo… olho a vidraça. Um cão que passa na rua e ladra a quem furiosamente tenta controlar um casaco devassado pelo vento. Uma árvore. Uma nuvem em frente ao sol. Um verde da relva que reclama atenção.
Os cafés chegam. Abro o pacote de açúcar, derramo o conteúdo para dentro das chávenas brancas onde se lê “Delta Platina”. Pego na colher e em movimentos circulares faço desenhos na espuma, cor de café, consistente, aveludada, que deixa pedaços nas paredes da chávena… Olho a vidraça, pouso a colher onde a espuma repousa preguiçosamente desde a ponta, até a meio. Na rua passa um casal de namorados, um carro vermelho e logo a seguir um cinzento a rasgar o colorido da paisagem.
Entram e saem pessoas no café, há quem venha pela bica, pelo croissant ou pela bela da torrada de sempre (pois não querem ter o trabalho de habituar o estômago a querer algo diferente pela manhã).
Pego na chávena com a mão direita, depois junto-lhe a esquerda numa tentativa de aquecer as mãos daquele dia com um sol de Inverno quente e um vento frio. Pouso a chávena "Delta Platina"…
Demoro-me a observar quem me rodeia e lentamente abro a mala e retiro o livro que no momento leio… Abro o calhamaço na página marcada e recomeço a leitura… Dois parágrafos adiante olho para a porta e depois para a vidraça… Ninguém…muito menos Tu!
O fumo do café liberta aquele odor de quem foi colhido por mãos negras, depois exportado, moído, embalado, depositado, filtrado, misturado com açúcar e seguidamente batido e deitado fora como uma argamassa espessa…
Recomeço a leitura… sem tirar os olhos das páginas, agarro no pedaço da loiça e deixo aquele aroma infiltrar-se pela boca, garganta até ao estômago aquecendo o caminho e voltar até à cabeça num movimento de arrepio…
Olho o vidro imaculadamente limpo e…ninguém…para além de uns miúdos com mochilas ou duas velhotas que animadamente parecem falar do episódio da novela (ou da vida de alguém) no dia anterior… Ninguém…
Não marquei contigo…mas cá no fundo esperava que viesses… o Teu café arrefece…a espuma desaparece e o cheiro esvai-se com a esperança que chegues e me digas que te atrasaste, que adormeceste…que te distraíste…
Fecho o livro…acabo com o que preenchia a minha chávena “Delta Platina”…
Amanhã à mesma hora?
6 Comments:
Começa a beber um Jamaica Blue Mountain. Vais notar a diferença no palato, nas ideias e nas imagens de te vão invadir os lábios. O café é para quando?
quando quiseres....é so dizeres a data
Lol aparece lá no meu blog que combinamos isso melhor.
Beijos
Sou mesmo deselegante, convidas-me para um café e eu não apareço... Pobre chávena de Delta Platina cujo conteúdo não foi bebido! :)
Agora mais a sério: Gostei de toda a descrição! Está simples e apelativa, consegui mesmo desenhar mentalmente todo esse quadro!
Daniel C.
Só quando compreendemos o verdadeiro valor das ausências compreendemos o verdadeiro fascínio de ter ou estar com algo - ou alguém!
caro diabrete...fico feliz por ter conseguido o meu objectivo...a sensação de estar ou ver o cenário de toda a espera...o café continua a arrefecer todos os dias em cima da mesa..até que um dia tavez aguém apareca ou não....
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