Regresso de uma viagem sem cor...sem paisagens bonitas, montanhas geladas ou praias paradisíacas...
Volto sim de uma viagem ao mundo da dor, e ao centro de mim.
Acumulados na bagagem, ainda por desfazer, trago três meses de dias e noites a deambular por um quarto, onde a impotência e a revolta se debatiam em combates ferozes, com uma agonia sem fim...
Como ser humano, não sei se regresso mais rica ou mais pobre...sei apenas que voltei diferente, e que a cada dia que passa ,me questiono mais sobre o sentido da vida...
As malas essas vou deixá-las ainda um longo tempo por desfazer...quem sabe se o tempo , esse velho chamado tempo , se encarrega delas...
Regresso
nas águas diáfanas
de uma cascata
No
brilho gasto de
uns olhos cansados
Num
sorriso débil
que tento alcançar
Nos
passos por esboçar
em trilhos já gastos
Regresso!...
Mas, se regresso, é porque renasço
Nas saudades do teu abraço
Neste dia em que nasço
Pela primeira vez...sem ti pai...
4 Comments:
Poema feito no dia 13 de Janeiro, o meu primeiro aniversário sem o meu pai...
porque as malas que carregamos nem sempre se desfazem...e porque se desfariam...se o que carregamos é o que nós fomos...o que nós somos ainda???há a bagagem que se deixa perder e aquela que teimamos em levar ao nosso lado sempre apertada de encontro ao peito...até essa se extravia...o que se aprende com a dor nem sempre é logo claro e sobranceiro...está lá mas precisa de ser levado pelo escorrer do tempo primeiro...só depois, debaixo de toda aquela poeira nos encontramos maiores...
Um poema muito bonito,embora impregnado da dor profunda da morte.Mas, afinal a morte faz parte da vida! A vida é dor, é amor, é alegria, é traição...é um pouco de tudo isto. E é finita!
Sei que irás conseguir ultrapassar esta fase, longa e penosa, por que eu própria já passei. Agora tens o futuro na tua frente. Agarra-te a ele que o teu pai velará por vós.
Beijinhos
Todos perdemos um ante querido, depois da sua morte é quando damos mais pela sua falta, a nossa dor transforma-se em sufoco, as palavras e gestos que não se repetem.
Que fique escrito, que o poema perdure, quanto a sua imagem e sentir permaneça em nós,
Saudações
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